| Laelia lucasiana | |
Quando pensamos em
orquídeas, logo imaginamos uma densa e úmida floresta tropical, com árvores cobertas
pelos mais belos representantes desta vasta família de plantas. No entanto,
como comentado neste
artigo, é mito acreditarmos que todas as orquídeas sejam epífitas e tropicais. As
orquídeas epífitas são aquelas que vivem sobre outras plantas, mais
especificamente, com suas raízes aderidas aos troncos das árvores. A primeira
orquídea formalmente descrita,
Cattleya labiata, é um clássico exemplo de orquídea epífita. No artigo de hoje, falaremos
sobre as orquídeas rupícolas, também conhecidas como rupestres, que vivem
sobre as pedras, muitas vezes sob sol pleno.
Muito embora as orquídeas epífitas sejam as mais famosas e colecionadas, o primeiro representante desta vasta família botânica, descrito por Teofrasto, considerado o pai da botânica, foi uma orquídea pertencente ao gênero Orchis. Trata-se de uma orquídea terrestre, exclusiva de países do hemisfério norte, principalmente na Europa e Ásia. Um exemplo clássico de orquídea terrestre, com o qual estamos mais acostumados, é o gênero Cymbidium. Também podemos citar, nesta categoria, a Arundina, mais conhecida como orquídea bambu. As orquídeas rupícolas, por sua vez, estão contidas em um subgrupo dentro destas consideradas terrestres.
No contexto deste imenso grupo de orquídeas que vivem no solo, com diferentes gêneros e espécies, existem algumas subdivisões. É o caso das orquídeas humícolas que, apesar de também serem terrestres, não vivem com suas raízes enterradas. Elas se apoiam sobre a camada de húmus que se forma no chão das florestas, resultante do acúmulo de folhas secas e detritos. É o caso da famosa orquídea sapatinho, nome popular dado a plantas de exóticas florações, tais como o Paphiopedilum Leeanum e Phragmipedium Sedenii.
Em um outro subgrupo, estão as orquídeas rupícolas. Estas também podem ser consideradas terrestres, mas apresentam o diferencial de sobreviverem em ambientes mais áridos, sob sol pleno, tendo suas raízes inseridas nas fendas entre as rochas. Os detritos que se acumulam nestes interstícios, ao entrarem em decomposição, liberam nutrientes que auxiliam no desenvolvimento destas heroicas orquídeas rupícolas.
Muito embora as orquídeas epífitas sejam as mais famosas e colecionadas, o primeiro representante desta vasta família botânica, descrito por Teofrasto, considerado o pai da botânica, foi uma orquídea pertencente ao gênero Orchis. Trata-se de uma orquídea terrestre, exclusiva de países do hemisfério norte, principalmente na Europa e Ásia. Um exemplo clássico de orquídea terrestre, com o qual estamos mais acostumados, é o gênero Cymbidium. Também podemos citar, nesta categoria, a Arundina, mais conhecida como orquídea bambu. As orquídeas rupícolas, por sua vez, estão contidas em um subgrupo dentro destas consideradas terrestres.
No contexto deste imenso grupo de orquídeas que vivem no solo, com diferentes gêneros e espécies, existem algumas subdivisões. É o caso das orquídeas humícolas que, apesar de também serem terrestres, não vivem com suas raízes enterradas. Elas se apoiam sobre a camada de húmus que se forma no chão das florestas, resultante do acúmulo de folhas secas e detritos. É o caso da famosa orquídea sapatinho, nome popular dado a plantas de exóticas florações, tais como o Paphiopedilum Leeanum e Phragmipedium Sedenii.
Em um outro subgrupo, estão as orquídeas rupícolas. Estas também podem ser consideradas terrestres, mas apresentam o diferencial de sobreviverem em ambientes mais áridos, sob sol pleno, tendo suas raízes inseridas nas fendas entre as rochas. Os detritos que se acumulam nestes interstícios, ao entrarem em decomposição, liberam nutrientes que auxiliam no desenvolvimento destas heroicas orquídeas rupícolas.
Laelia lucasiana |
É o caso desta exótica
Laelia lucasiana na foto de abertura deste artigo, também conhecida como Hoffmannseggella lucasiana ou Laelia longipes. Apesar da crise de identidade, esta planta é um
exemplo típico de orquídea rupícola. Orquídeas que nascem e crescem em pedras
não são muito comuns. As principais representantes desta categoria de plantas
estão justamente inseridas nos gêneros
Laelia. Por esta razão, são popularmente conhecidas como Laelias rupícolas
ou Laelias rupestres.
As orquídeas rupícolas são típicas dos estados do sudeste brasileiro, havendo uma grande concentração de espécies em Minas Gerais. Elas ocorrem em regiões rochosas de elevadas altitudes, sobrevivendo em condições bastante adversas e desafiadoras. Embora pareça impossível a sobrevivência de orquídeas neste tipo de ambiente, as raízes das Laelias rupícolas encontram umidade nas fendas entre as pedras. Além disso, o orvalho da madrugada sempre proporciona um sopro diário de umidade, essencial à sobrevivência destas orquídeas rupícolas.
Nestes ambientes montanhosos, acabam formando-se microclimas ocupados por poucas espécies vegetais, que toleram o clima mais árido, e acabam se ajudando mutuamente. É o caso de musgos, cactos e bromélias, além das orquídeas rupícolas propriamente ditas. Por esta razão, são todas plantas consideradas litófitas ou saxícolas.
O porte bastante compacto das orquídeas rupícolas, aliado ao seu metabolismo CAM (Crassulacean acid metabolism) e ao seu habitat inóspito, faz com que estas plantas sejam bastante semelhantes aos cactos e suculentas.
Além da Laelia lucasiana, outros exemplos clássicos de Laelias rupícolas são a Laelia milleri, cujo híbrido vermelho com a Sophronitis coccinea pode ser observado na foto abaixo, à direita, a Laelia liliputana, a menor dentre as rupícolas, como o próprio nome já denuncia, Laelia flava, cujo belíssimo híbrido alaranjado pode ser apreciado abaixo, à esquerda, e a Laelia briegeri, apenas para citarmos algumas das mais conhecidas orquídeas rupícolas.
Apesar do habitat árido, as Laelias rupícolas são conhecidas pela
beleza e delicadeza de suas flores. Quem observa estas orquídeas vegetando sob
sol pleno, com as raízes fincadas entre as rochas, recebendo muito pouca água,
deve imaginar que são bastante resistentes e de fácil cultivo.
As orquídeas rupícolas são típicas dos estados do sudeste brasileiro, havendo uma grande concentração de espécies em Minas Gerais. Elas ocorrem em regiões rochosas de elevadas altitudes, sobrevivendo em condições bastante adversas e desafiadoras. Embora pareça impossível a sobrevivência de orquídeas neste tipo de ambiente, as raízes das Laelias rupícolas encontram umidade nas fendas entre as pedras. Além disso, o orvalho da madrugada sempre proporciona um sopro diário de umidade, essencial à sobrevivência destas orquídeas rupícolas.
Nestes ambientes montanhosos, acabam formando-se microclimas ocupados por poucas espécies vegetais, que toleram o clima mais árido, e acabam se ajudando mutuamente. É o caso de musgos, cactos e bromélias, além das orquídeas rupícolas propriamente ditas. Por esta razão, são todas plantas consideradas litófitas ou saxícolas.
O porte bastante compacto das orquídeas rupícolas, aliado ao seu metabolismo CAM (Crassulacean acid metabolism) e ao seu habitat inóspito, faz com que estas plantas sejam bastante semelhantes aos cactos e suculentas.
Além da Laelia lucasiana, outros exemplos clássicos de Laelias rupícolas são a Laelia milleri, cujo híbrido vermelho com a Sophronitis coccinea pode ser observado na foto abaixo, à direita, a Laelia liliputana, a menor dentre as rupícolas, como o próprio nome já denuncia, Laelia flava, cujo belíssimo híbrido alaranjado pode ser apreciado abaixo, à esquerda, e a Laelia briegeri, apenas para citarmos algumas das mais conhecidas orquídeas rupícolas.
Híbridos de Laelias rupícolas |
Paradoxalmente, as orquídeas desta categoria sui generis são
consideradas difíceis de se cultivar em ambiente doméstico. Caso tentemos
reproduzir suas condições naturais, com sol à vontade e pedra como substrato,
o mais provável é que percamos a planta.
Neste contexto, vale lembrar que o cultivo de orquídeas em pedra é bastante difundido no mundo todo e vem ganhando adeptos no Brasil. Costuma-se utilizar a brita como substrato único para o cultivo tanto de orquídeas rupícolas como epífitas. No entanto, não é um método trivial. É preciso estudar e conhecer as características deste cultivo diferenciado, ajustando o manejo das plantas, as regas e a adubação, tudo de acordo com o substrato.
Este método de cultivo de orquídeas em pedra possui algumas variações. Pode-se preencher um vaso de barro convencional, próprio para o cultivo de orquídeas, mais raso e largo, com furos nas laterais, com pedra britada. Neste caso, a umidade relativa do ar precisa ser elevada e as regas constantes. Uma outra versão, bastante difundida, é o cultivo em semi-hidroponia. Neste caso, o recipiente costuma ser de plástico e não tem furos no fundo. As perfurações ocorrem na lateral do vaso, a alguns centímetros de altura do fundo, de modo que se forme uma lâmina permanente de água no fundo do recipiente, que é preenchido com brita ou argila expandida. Todas as informações sobre o cultivo de orquídeas em brita, semi-hidropônico, encontram-se neste artigo.
Alternativamente, mesmo quando cultivamos orquídeas rupícolas, muitos recomendam um sistema doméstico mais convencional, com o típico substrato para orquídeas epífitas, composto por casca de pinus e carvão vegetal. As chances de que algo saia errado são menores. Neste caso, as regas podem ser mais espaçadas, já que o substrato tende a reter mais umidade.
Da mesma forma que nem sempre é recomendável plantar orquídeas rupícolas na pedra, também o sol não precisa ser necessariamente direto. A luminosidade, para estas orquídeas que vivem nas pedras, deve ser bastante intensa, porém indireta. O ideal é que os raios solares sejam filtrados por uma tela de sombreamento, capaz de bloquear 50% dos raios solares, principalmente nas horas mais quentes do dia e durante o verão.
Neste contexto, vale lembrar que o cultivo de orquídeas em pedra é bastante difundido no mundo todo e vem ganhando adeptos no Brasil. Costuma-se utilizar a brita como substrato único para o cultivo tanto de orquídeas rupícolas como epífitas. No entanto, não é um método trivial. É preciso estudar e conhecer as características deste cultivo diferenciado, ajustando o manejo das plantas, as regas e a adubação, tudo de acordo com o substrato.
Este método de cultivo de orquídeas em pedra possui algumas variações. Pode-se preencher um vaso de barro convencional, próprio para o cultivo de orquídeas, mais raso e largo, com furos nas laterais, com pedra britada. Neste caso, a umidade relativa do ar precisa ser elevada e as regas constantes. Uma outra versão, bastante difundida, é o cultivo em semi-hidroponia. Neste caso, o recipiente costuma ser de plástico e não tem furos no fundo. As perfurações ocorrem na lateral do vaso, a alguns centímetros de altura do fundo, de modo que se forme uma lâmina permanente de água no fundo do recipiente, que é preenchido com brita ou argila expandida. Todas as informações sobre o cultivo de orquídeas em brita, semi-hidropônico, encontram-se neste artigo.
Alternativamente, mesmo quando cultivamos orquídeas rupícolas, muitos recomendam um sistema doméstico mais convencional, com o típico substrato para orquídeas epífitas, composto por casca de pinus e carvão vegetal. As chances de que algo saia errado são menores. Neste caso, as regas podem ser mais espaçadas, já que o substrato tende a reter mais umidade.
Da mesma forma que nem sempre é recomendável plantar orquídeas rupícolas na pedra, também o sol não precisa ser necessariamente direto. A luminosidade, para estas orquídeas que vivem nas pedras, deve ser bastante intensa, porém indireta. O ideal é que os raios solares sejam filtrados por uma tela de sombreamento, capaz de bloquear 50% dos raios solares, principalmente nas horas mais quentes do dia e durante o verão.
Para quem aprecia orquídeas de porte compacto e flores relativamente grandes,
quando comparadas à parte vegetativa, as orquídeas rupícolas, mais
precisamente as Laelias rupestres, são uma excelente opção. Ainda que
algumas apresentem condições de cultivo desafiadoras, vale a pena fazer uma
tentativa. São pequenas joias da natureza, genuinamente brasileiras, e
exemplos de superação em meio às condições mais inóspitas.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil