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Como fazer a orquídea florescer: Luz


Mini-orquídea Sophrolaelia Jinn
| Sophrolaelia Jinn |

'Minha orquídea está linda, cheia de brotos e folhas, mas não dá flor. O que faço?' - Tenho recebido esta pergunta com uma certa frequência. Vários fatores afetam a floração de uma orquídea. Mas, na maior parte dos casos, a resposta pode estar na intensidade de luz que a planta está recebendo. Orquídeas e luz possuem uma relação intensa, mas de nuances sutis. Existem aquelas espécies que apreciam sol pleno, mas a grande maioria floresce quando submetida a condições ideais de luminosidade, que correspondem àquela fornecida pela sombra das copas das árvores, suas hospedeiras. Portanto, a luz ideal para a maioria das orquídeas é aquela abundante, mas indireta.

Apenas para descartarmos outras possibilidades, é importante que a orquídea em questão seja adulta, em idade apta para florescer. O termo em inglês para esta condição é BS (blooming size). No momento de adquirir sua muda de orquídea, é função do vendedor informar em quanto tempo ela deverá atingir este estágio de desenvolvimento. Portanto, não adianta fornecer a luminosidade ideal para a orquídea se ela ainda não está em idade para dar flores.


Outro fator relevante para que uma orquídea floresça é a adubação. Sobre este quesito, o artigo abaixo fornece as informações necessárias para que tudo funcione perfeitamente:


É importante que a orquídea receba os nutrientes em proporções adequadas, ao longo de cada fase do seu ciclo de vida. Nos meses que antecedem a floração, é importante que a adubação seja mais rica em fósforo, a letra P do NPK. Existem formulações próprias para estimular a floração de orquídeas, à venda em lojas especializadas e garden centers. Neste contexto, apenas luz não é o suficiente para fazer uma orquídea florescer. Ela precisa ser adulta e estar bem nutrida.

Em resumo, os principais elementos para fazer uma orquídea florescer são luminosidade e adubação, sendo que quanto mais luz a orquídea receber, sem que suas folhas fiquem queimadas, melhores serão suas floração. Em relação à adubação, quanto mais fósforo o adubo contiver, melhor a orquídea irá florescer.

Focando na questão da luminosidade versus floração das orquídeas, tema deste artigo, é importante atentarmo-nos aos seguintes pontos:

Nem todas as orquídeas são iguais


Milhares de espécies de orquídeas espalham-se por toda a superfície do planeta. Neste sentido, cada uma terá uma necessidade diferente de luminosidade. Temos aquelas que necessitam de sol direto, como a orquídea bambu, Arundina graminifolia, o Epidendrum fulgens e o Cymbidium. Estas são orquídeas que dificilmente irão florescer se não forem cultivadas sob sol pleno. Outras são conhecidas por gostarem de bastante luz, mas não diretamente, como a Cattleya walkeriana e Cattleya labiata. As orquídeas Phalaenopis e Ludisia discolor, por sua vez, podem florescer com uma menor quantidade de luminosidade, mas não na sombra total. Por fim, temos o imenso e diversificado universo das micro orquídeas, que necessitam de ambientes bem mais úmidos e sombreados para que possam florescer.


Existem à venda no mercado telas de sombreamento com diferentes tramas, capazes de filtrar os raios solares em percentuais crescentes, que costumam ser de 30, 50 ou 70%. Estes materiais são ideais para proteger as orquídeas dos raios diretos do sol, ao mesmo tempo que possibilitam o fornecimento da luminosidade ideal para cada espécie de orquídea.

Portanto, o primeiro passo para termos uma boa floração é conhecermos a orquídea que temos em mãos e procurarmos um lugar apropriado para cada espécie. No final do artigo, colocarei uma lista com as quantidades aproximadas de luz  que os principais gêneros de orquídea necessitam.

Orquídeas e a orientação do sol


Percebo que a maioria das pessoas que têm problemas com luz cultivam orquídeas em interiores, casas ou apartamentos, geralmente próximo a uma janela ou varanda. O que nem todos sabem é que a direção para qual a janela está voltada influencia na quantidade de luz que a mesma recebe.

O sonho de todo orquidófilo nestas condições é ter uma janela voltada para o leste, que receba o sol da manhã. Esta é a luz ideal para o cultivo das orquídeas. A situação oposta, uma janela face oeste, recebe o sol da tarde, que é muito quente e deve ser filtrado por uma tela de sombreamento ou uma cortina fina. A janela face norte também é considerada adequada, sendo na realidade a mais valorizada do mercado, por receber maior luminosidade. Por fim, as janelas voltadas para o sul costumam ser escuras demais para o cultivo da maioria das orquídeas.


Outro ponto importante a se considerar é que a intensidade de luz cai drasticamente à medida que nos afastamos da janela. É comum as pessoas colocarem orquídeas em mesas e paredes a vários metros de distância de uma janela bem iluminada. Elas sobrevivem, mas jamais darão flores. É por isso que os americanos que utilizam esta técnica de cultivo são conhecidos como windowsill growers, por cultivarem suas orquídeas estritamente no parapeito da janela. Que, por sinal, costuma ser mais largo nos países do hemisfério norte.

Intensidade da luz sobre as orquídeas


Antes da invenção da eletricidade, os ingleses avaliavam a luz através de uma medida chamada foot-candle (fc). É a quantidade de luz projetada por uma vela padronizada a uma distância de um pé. Até hoje, os orquidófilos americanos costumam utilizar este padrão para as recomendações de luminosidade no cultivo de orquídeas. Este parâmetro é importante porque os nossos olhos costumam nos enganar quanto à quantidade de luz que um determinado ambiente recebe. Para termos uma noção, a medida de um dia ensolarado, ao meio-dia, é de 10.000 fc. Por outro lado, um dia nublado produzirá apenas 1.000 fc.

Embora não percebamos, pequenos detalhes fazem enormes diferenças nestas medidas. Alguns centímetros mais afastados de uma janela, e já temos um grande decréscimo na luminosidade. O mesmo ocorre se houver obstruções, como prédios vizinhos ou árvores próximas. Por serem mais sensíveis, as orquídeas respondem a pequenas variações de intensidade de luz, imperceptíveis aos olhos humanos. Neste sentido, um fotômetro é sempre muito mais confiável do que os nossos olhos. Eu costumo utilizar o de uma antiga máquina fotográfica analógica. Os smartphones atuais também podem realizar esta tarefa, através de aplicativos específicos.

Orquídeas bem iluminadas


Com base em todas estas informações, podemos partir para o grande desafio de ir distribuindo as orquídeas pela casa, ou melhor, pelas janelas e varandas. Comecei cultivando minhas plantas em frente a uma janela face oeste, no meu quarto. Acreditava que era um ambiente bem iluminado, já que recebia todo o sol da tarde. Pois foi somente após meses com pouquíssimas flores que resolvi medir a luminosidade e acabei verificando que esta era muito baixa. Transferi todas para a varanda.


De modo geral, o melhor é tentarmos fornecer o máximo de luz para as orquídeas, sem queimar suas folhas. O velho conselho de observar a cor das folhas é válido. Se estiverem com um verde muito escuro, precisam de mais luz. Se estiverem amarelando, estão expostas a um excesso de luminosidade. O ideal é que as folhas e pseudobulbos das orquídeas adquiram uma tonalidade de verde claro, semelhante ao da alface. Sempre lembrando que cada gênero suporta uma determinada quantidade de luz.

A seguir, alguns níveis de luminosidade sugeridos para o cultivo e floração dos principais gêneros de orquídeas. Lembrando que são valores aproximados, mas que dão uma noção para aplicação prática. Costumo consultar esta tabela frequentemente, guiando-me pelas relações qualitativas entre os diferentes gêneros, muito mais do que quantitativamente, em termos de valores absolutos de luminosidade.

Paphiopedilum              900 fc
Phalaenopsis             1.500 fc
Oncidium           2.000-2.500 fc
Zygopetalum        2.500-3.000 fc
Dendrobium         2.500-4.500 fc
Grammatophyllum    3.000-6.000 fc
Cattleya                 3.500 fc
Dendrobium nobile  6.000-8.000 fc

Vanda                    8.000 fc

Outras informações, mais especificamente sobre outros aspectos do cultivo de  orquídeas em interiores, podem ser encontradas no artigo abaixo:


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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil