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Mini Cattleya


Orquídea Sophrocattleya Batemaniana
| Sophrocattleya Batemaniana |

Os produtores de orquídeas vêm cruzando e selecionando plantas, ao longo dos anos, com o intuito de obter flores cada vez maiores e mais vistosas. São as famosas orquídeas híbridas, carinhosamente apelidadas de repolhudas, dado o seu tamanho avantajado. Na contramão desta corrente, vem surgindo uma tendência de se procurar obter orquídeas menores, mais compactas, que possam ser cultivadas em casas e apartamentos, onde os espaços são mais escassos e a luminosidade menos intensa. Neste contexto, vêm ganhando destaque as mini Cattleyas, miniaturas que têm encantado o público.

Não se trata, no entanto, de uma novidade. Na contramão do mercado atual, o lendário orquidário Veitch produziu, já em 1886, uma miniatura de Cattleya. Pela primeira vez, utilizou a Sophronitis coccinea em um cruzamento, planta de porte pequeno e cultivo exigente. O par selecionado foi a Cattleya intermedia. Resultou deste experimento a Sophrocattleya Batemaniana, híbrido primário de porte mini e beleza maxi. Seu nome homenageia o célebre orquidófilo inglês James Bateman. Trata-se da mini Cattleya representada na foto de abertura deste artigo.


Apesar de bastante antiga, esta é uma orquídea difícil de ser encontrada nos orquidários atuais. Acho uma pena, já que as possibilidades de cores são infinitas, dependendo da variedade utilizada no cruzamento. O exemplar da foto acima une o porte mini e o vermelho exuberante da Sophronitis coccinea tipo ao flameado discreto da Cattleya intermedia flamea. No entanto, também podem ser utilizadas neste cruzamento outras orquídeas com formas albas, caeruleas, orlatas ou marginatas.

Neste contexto, muito provavelmente, a Sophrocattleya Batemaniana é a primeira mini Cattleya de que se tem notícia. Hoje em dia, elas estão por toda parte. São carinhosamente chamadas de mini-catts, no exterior.

Outra mini Cattleya digna de nota é a Sophrocattleya Beaufort. Também se trata de um híbrido primário, resultante do cruzamento entre a Sophronitis coccinea e a Cattleya luteola. O resultado pode ser bastante variado, havendo exemplares exibindo flores em um amarelo vivo, enquanto outros apresentam uma coloração mais pastel, como é o caso da mini Cattleya que cultivei aqui no apartamento, mostrada na foto abaixo.

Orquídea Sophrocattleya Beaufort
Sophrocattleya Beaufort

Ambas as mini Cattleyas, Batemaniana e Beaufort, são orquídeas de cultivo mais complicado, graças à presença da Sophronitis coccinea em suas genealogias. Apesar de apresentarem as vantagens conferidas por este parentesco, como o porte pequeno, o colorido ornamental e a capacidade de florescerem em ambientes mais sombreados, estas mini Cattleyas também herdam a exigência quanto aos níveis de umidade relativa do ar, que precisam ser elevados, para um bom cultivo.


Devido à grande proximidade genética entre os diferentes gêneros pertencentes à aliança Cattleya, podemos ter híbridos intergenéricos com as mais diferentes composições. As famosas orquídeas repolhudas, por exemplo, costumam ter Brassavola, Laelia e Cattleya em suas genealogias. Pertencem, portanto, ao gênero híbrido Brassolaeliocattleya, cuja abreviatura é Blc.

Já as mini Cattleyas costumam ter o gênero Sophronitis em sua composição, sendo frequentemente  designadas Sophrocattleya (Sc.), Sophrolaelia (Sl.) e Sophrolaeliocattleya (Slc.). Neste contexto, é possível termos uma orquídea popularmente chamada de mini Cattleya sem que, de fato, ela tenha o gênero Cattleya em sua genealogia.

É o caso da Sophrolaelia Jinn, cuja imagem tornou-se o logotipo do blog Orquídeas no Apê. Esta mini Cattleya é fruto do cruzamento entre a Sophronitis coccinea e a Laelia milleri. Trata-se de uma belíssima orquídea vermelha, cujas flores sobressaem-se em relação à parte vegetativa, que é bem compacta.

Orquídea Sophrolaelia Jinn
Sophrolaelia Jinn

Também digna de nota é a Sophrolaelia Marriotiana, híbrido primário resultante do cruzamento entre a Sophronitis coccinea e a Laelia flava. Trata-se de uma esfuziante orquídea laranja, com delicados detalhes avermelhados nas pétalas, sépalas e labelo. Eu a considero a mini Cattleya de mais belo colorido.

Orquídea Sophrolaelia Marriotiana
Sophrolaelia Marriotiana

Nos dois casos acima mencionados, os híbridos Jinn e Marriotiana são descendentes de orquídeas rupícolas, que possuem o hábito de viverem sobre as pedras. No entanto, graças à hibridização, podem ser cultivadas como epífitas, preferencialmente em vasos plásticos com musgo sphagnum, combinação que visa manter a umidade por um período mais prolongado em torno das raízes. No entanto, estas mini Cattleyas não toleram excesso de umidade no substrato. Sua exigência é quanto à umidade relativa do ar, que deve estar sempre acima de 60% no ambiente de cultivo.


Outro híbrido muito interessante, também considerado uma mini Cattleya, apresentando um raro colorido coral, é a Sophrolaelia Coral Orb, fruto do cruzamento entre a Sophronitis coccinea e a Laelia alaorii. Como vemos na imagem abaixo, apesar do pequeno porte, sua flor apresenta pétalas e sépalas bastante largas e bem armadas.

Orquídea Sophrolaelia Coral Orb
Sophrolaelia Coral Orb

Por fim, uma belíssima mini Cattleya magenta, cujas flores apresentam uma textura e colorido únicos. Trata-se da Sophrolaelia Orpetii, fruto do cruzamento entre a Sophronitis coccinea e a Laelia pumila. Suas pétalas são bem arredondadas, também apresentado uma excelente armação.

Orquídea Sophrolaelia Orpetii
Sophrolaelia Orpetii

Como vimos, todas as mini Cattleyas apresentadas ao longo deste artigo são híbridos de Sophronitis. Este é o gênero responsável pela miniaturização das orquídeas que dele descendem.

Ainda há muitos outros exemplos de híbridos do gênero Sophrolaeliocattleya, mas cujos portes são mais avantajados, em relação às mini Cattleyas acima citadas. Todos os dias, novas orquídeas híbridas são registradas no banco de dados da Royal Horticultural Society (RHS), sediada em Londres. Esta é a entidade oficial responsável pela catalogação dos novos cultivares produzidos em todo o mundo. De tal forma que, a todo momento, novas mini Cattleyas estão sendo inventadas e colocadas à venda no mercado.


Uma mini Cattleya é cuidadosamente desenhada, de modo a conter, em sua genealogia, gêneros e espécies capazes de conferir aos híbridos resultantes as características mais desejadas pelo público consumidor, tais como a longevidade das florações, tamanho diminuto da parte vegetativa, capacidade de florescer em ambientes internos, ou múltiplas florações ao longo do ano. É o mesmo processo de seleção e melhoramento genético que resultou nas mini Phalaenopsis, que são orquídeas extremamente fáceis de cultivar, ideais para quem dispõe de pouco espaço e ambientes mais sombreados, dentro de casas, apartamentos e escritórios.

As mini Cattleyas estão neste caminho, muito embora ainda sejam um pouco mais caprichosas, por necessitarem de mais luminosidade, em relação às mini Phalaenopsis, além de exigirem níveis mais elevados de umidade relativa do ar. Ainda assim, vale a pena adquiri-las, já que a variedade de cores, formas e tamanhos as tornam irresistíveis, impelindo-nos a colecioná-las.

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Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.

São Paulo, SP, Brasil