| Ornithophora radicans | |
Esta é uma belíssima
orquídea
minimalista, em todos os aspectos. Seus pseudobulbos são pequenos e
cilíndricos, afunilados no ápice, a partir do qual surgem delicadas folhas
longas e achatadas, que se parecem com capim. No entanto, o grande destaque da
Ornithophora radicans fica por conta de suas minúsculas flores, que
lembram mosquitinhos esvoaçantes. À distância, esta
micro orquídea
pode passar despercebida. No entanto, é quando olhamos suas flores em
close up que nos atentamos aos detalhes fascinantes de cada uma de
suas estruturas.
O prefixo ornitho, que consta no gênero desta orquídea, refere-se a pássaro. Olhando a flor bem de perto, podemos identificar a estrutura responsável por esta nomenclatura. De fato, a Ornithophora radicans apresenta um elemento, que emerge do centro da flor, cuja anatomia lembra a cabeça de um pássaro. Logo abaixo, podemos ver uma pequena bolsa translúcida, em cujo interior fica armazenado um óleo floral, denominado oncidinol, que é exclusivo da espécie Ornithophora radicans.
Todos nós conhecemos o néctar, substância produzida por diversas flores para atrair aves e insetos, que acabam atuando como agentes polinizadores. Menos conhecidos são os óleos florais, que também são úteis para determinados insetos, particularmente abelhas. Elas utilizam esta substância na construção das células da colmeia. O oncidinol, presente na bolsinha da Ornithophora radicans, atua como uma recompensa aos agentes polinizadores, que coletam este óleo em troca do auxílio na reprodução da orquídea.
O labelo branco, que nada mais é do que uma pétala modificada, destinada à
atração dos agentes polinizadores, possui um formato único, principalmente
quando olhado de frente. No conjunto, cada flor da
Ornithophora radicans assemelha-se a um pequeno pássaro em voo.
Esta micro orquídea, tipicamente brasileira, é comumente encontrada sobre as
árvores das matas úmidas localizadas próximas à região costeira, nos estados
pertencentes às regiões sul e sudeste do país. A
Ornithophora radicans é uma pequena joia da Mata Atlântica, bastante
apreciada pelos colecionadores.
É interessante notar que os pseudobulbos desta micro orquídea crescem uns por cima dos outros, de modo que a touceira vai ficando cada vez mais alta. Com o tempo, estas estruturas formam um conjunto espetacular, principalmente quando florescem simultaneamente. É comum encontrarmos espécimes enormes, muito bem cultivados, de Ornithophora radicans, principalmente em exposições de orquídeas. As raízes são tipicamente aéreas, e espalham-se por toda parte, sendo responsáveis pelo nome da espécie, radicans.
Descoberta em 1864, a Ornithophora radicans é a única espécie de seu
gênero. A esta situação, dá-se o nome de um gênero monotípico. Esta pequena
orquídea já foi chamada de Sigmatostalix radicans,
Ornithophora quadricolor e Gomesa radicans. Durma-se com um
barulho desses. Foi oficialmente proposta como tal em 1882, pelo botânico e
naturalista João Barbosa Rodrigues.
Bastante delicada, esta planta necessita de elevados níveis de umidade
relativa do ar, em seu ambiente de cultivo. Esta é uma exigência comum entre
as micro orquídeas, que estão habituadas aos ambientes sombreados pelas copas
das árvores, em úmidas florestas tropicais.
Como o interior de casas e apartamentos costuma ser mais seco, algumas medidas precisam ser tomadas, para que o cultivo da orquídea Ornithophora radicans seja bem-sucedido, neste tipo de ambiente. Aqui no apartamento, costumo utilizar uma bandeja umidificadora, chamada de humidity tray, no exterior. Trata-se de um recipiente raso e largo, com uma camada de areia, brita ou pedriscos. No fundo, fica armazenada uma lâmina de água. O vaso é colocado sobre esta bandeja, de modo que as raízes da orquídea não ficam em contato direto com a água. Apenas a umidade vai subindo por evaporação, auxiliando no aumento da umidade relativa do ar.
Além disso, umidificadores de ar também são bastante úteis e práticos, no sentido de proporcionar um ambiente mais saudável para plantas, seres humanos e animais de estimação. A orquídea Ornithphora radicans também se beneficia de borrifadas de água, algumas vezes por dia, em períodos muito quentes, no verão.
Apesar desta necessidade de elevados níveis de umidade relativa do ar, a Ornithophora radicans, como a maioria das orquídeas, principalmente epífitas, não tolera o excesso de umidade em suas raízes, por um período muito prolongado. Por esta razão, a frequência das regas deve ser moderada, de modo a se evitar o encharcamento do substrato. Independentemente da periodicidade, deve-se aguardar que o substrato esteja razoavelmente seco, para que uma nova rega seja efetuada. Durante o inverno, a frequência das irrigações deve ser reduzida.
Em ambientes domésticos, principalmente em interiores, pode ser interessante
utilizar o musgo sphagnum como substrato. Trata-se de um material capaz
de reter grandes quantidades de água, fornecendo umidade às raízes da
Ornithophora radicans por um período mais prolongado. Em combinação com
o vaso de plástico, que também retém a umidade por mais tempo, este material
deve ser utilizado com cautela, já que o risco de se regar a orquídea em
excesso é grande. O segredo é sempre aguardar até o material secar bem, antes
de regar novamente.
O prefixo ornitho, que consta no gênero desta orquídea, refere-se a pássaro. Olhando a flor bem de perto, podemos identificar a estrutura responsável por esta nomenclatura. De fato, a Ornithophora radicans apresenta um elemento, que emerge do centro da flor, cuja anatomia lembra a cabeça de um pássaro. Logo abaixo, podemos ver uma pequena bolsa translúcida, em cujo interior fica armazenado um óleo floral, denominado oncidinol, que é exclusivo da espécie Ornithophora radicans.
Todos nós conhecemos o néctar, substância produzida por diversas flores para atrair aves e insetos, que acabam atuando como agentes polinizadores. Menos conhecidos são os óleos florais, que também são úteis para determinados insetos, particularmente abelhas. Elas utilizam esta substância na construção das células da colmeia. O oncidinol, presente na bolsinha da Ornithophora radicans, atua como uma recompensa aos agentes polinizadores, que coletam este óleo em troca do auxílio na reprodução da orquídea.
Ornithophora radicans |
Ornithophora radicans |
É interessante notar que os pseudobulbos desta micro orquídea crescem uns por cima dos outros, de modo que a touceira vai ficando cada vez mais alta. Com o tempo, estas estruturas formam um conjunto espetacular, principalmente quando florescem simultaneamente. É comum encontrarmos espécimes enormes, muito bem cultivados, de Ornithophora radicans, principalmente em exposições de orquídeas. As raízes são tipicamente aéreas, e espalham-se por toda parte, sendo responsáveis pelo nome da espécie, radicans.
Ornithophora radicans |
Como o interior de casas e apartamentos costuma ser mais seco, algumas medidas precisam ser tomadas, para que o cultivo da orquídea Ornithophora radicans seja bem-sucedido, neste tipo de ambiente. Aqui no apartamento, costumo utilizar uma bandeja umidificadora, chamada de humidity tray, no exterior. Trata-se de um recipiente raso e largo, com uma camada de areia, brita ou pedriscos. No fundo, fica armazenada uma lâmina de água. O vaso é colocado sobre esta bandeja, de modo que as raízes da orquídea não ficam em contato direto com a água. Apenas a umidade vai subindo por evaporação, auxiliando no aumento da umidade relativa do ar.
Além disso, umidificadores de ar também são bastante úteis e práticos, no sentido de proporcionar um ambiente mais saudável para plantas, seres humanos e animais de estimação. A orquídea Ornithphora radicans também se beneficia de borrifadas de água, algumas vezes por dia, em períodos muito quentes, no verão.
Apesar desta necessidade de elevados níveis de umidade relativa do ar, a Ornithophora radicans, como a maioria das orquídeas, principalmente epífitas, não tolera o excesso de umidade em suas raízes, por um período muito prolongado. Por esta razão, a frequência das regas deve ser moderada, de modo a se evitar o encharcamento do substrato. Independentemente da periodicidade, deve-se aguardar que o substrato esteja razoavelmente seco, para que uma nova rega seja efetuada. Durante o inverno, a frequência das irrigações deve ser reduzida.
Ornithophora radicans |
Para aqueles que dispõem de um ambiente mais úmido, o substrato clássico para
o cultivo de orquídeas epífitas, composto por casca de pinus, carvão vegetal e
fibra de coco pode ser utilizado. É conveniente utilizar as misturas que já
são vendidas prontas, em lojas de jardinagem, por terem sido previamente
tratadas, visando a retirada do excesso de tanino presente neste material. No
entanto, em se tratando da Ornithophora radicans, que é bem pequena e
delicada, eu sempre acrescento um pouco de musgo sphagnum à mistura.
A luminosidade ideal para o cultivo desta micro orquídea é aquela mais difusa, indireta, de modo a reproduzir a condição em que a Ornithophora radicans encontra-se na natureza. Uma ótima solução para reduzir a intensidade do sol pleno é a utilização de telas de sombreamento. Neste caso, o ideal é utilizar um material capaz de reter 70% dos raios solares. Por ser capaz de florescer em ambientes com menos luminosidade, a Ornithophora radicans é uma das minhas orquídeas de sombra preferidas.
Por fim, a adubação desta micro orquídea pode ser orgânica ou inorgânica, dependendo da preferência do cultivador. Aqui no apartamento, costumo dar preferência aos fertilizantes do tipo NPK, por uma questão de praticidade. Desta forma, posso alternar formulações de manutenção, com proporções equilibradas de cada um destes nutrientes, com adubos para floração, mais ricos em fósforo. Costumo realizar aplicações semanais, com metade da dose recomendada pelo fabricante.
Bem diferente dos grandes e vistosos híbridos de orquídeas, comumente encontrados nas floriculturas, a Ornithophora radicans é uma pequena preciosidade, um pouco mais difícil de ser encontrada no mercado, mas que certamente abrilhantará qualquer coleção.
A luminosidade ideal para o cultivo desta micro orquídea é aquela mais difusa, indireta, de modo a reproduzir a condição em que a Ornithophora radicans encontra-se na natureza. Uma ótima solução para reduzir a intensidade do sol pleno é a utilização de telas de sombreamento. Neste caso, o ideal é utilizar um material capaz de reter 70% dos raios solares. Por ser capaz de florescer em ambientes com menos luminosidade, a Ornithophora radicans é uma das minhas orquídeas de sombra preferidas.
Por fim, a adubação desta micro orquídea pode ser orgânica ou inorgânica, dependendo da preferência do cultivador. Aqui no apartamento, costumo dar preferência aos fertilizantes do tipo NPK, por uma questão de praticidade. Desta forma, posso alternar formulações de manutenção, com proporções equilibradas de cada um destes nutrientes, com adubos para floração, mais ricos em fósforo. Costumo realizar aplicações semanais, com metade da dose recomendada pelo fabricante.
Bem diferente dos grandes e vistosos híbridos de orquídeas, comumente encontrados nas floriculturas, a Ornithophora radicans é uma pequena preciosidade, um pouco mais difícil de ser encontrada no mercado, mas que certamente abrilhantará qualquer coleção.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil