| Epidendrum fulgens | |
A família das
orquídeas
é tão grande, de uma diversidade tão fantástica, que abriga espécies
completamente fora da curva, como o Epidendrum fulgens, em quase todos
os aspectos diferente da maioria dos seus parentes. Ao contrário da clássica
Cattleya, que vive sobre as árvores, esta
orquídea terrestre
pode ser cultivada no jardim, plantada diretamente no chão. Além disso, é
extremamente resistente ao sol pleno, correntes de vento e até à maresia.
Popularmente conhecido como orquídea da praia ou orquídea da restiga, este
Epidendrum é típico da região costeira do sul e sudeste do Brasil.
O Epidendrum fulgens pode ser cultivado em áreas completamente abertas, em jardins, canteiros e praças. Embora não seja tão popular quanto a famosa orquídea bambu, Arundina graminifolia, tem um efeito similar no paisagismo. Seus pseudobulbos são finos e elongados, podendo ultrapassar os dois metros de altura. Formam naturalmente grandes cercas vivas ou touceiras altas e volumosas. A partir dos ápices destes pseudobulbos, surgem as hastes florais, portando inúmeras flores em um tom alaranjado vibrante, com mesclas de amarelo, que lembram pássaros de fogo.
O Epidendrum fulgens pode ser cultivado em áreas completamente abertas, em jardins, canteiros e praças. Embora não seja tão popular quanto a famosa orquídea bambu, Arundina graminifolia, tem um efeito similar no paisagismo. Seus pseudobulbos são finos e elongados, podendo ultrapassar os dois metros de altura. Formam naturalmente grandes cercas vivas ou touceiras altas e volumosas. A partir dos ápices destes pseudobulbos, surgem as hastes florais, portando inúmeras flores em um tom alaranjado vibrante, com mesclas de amarelo, que lembram pássaros de fogo.
Alternativamente, algumas
orquídeas
do gênero Epidendrum também são conhecidas como orquídeas crucifixo,
devido ao formato inusitado de suas flores, que se apresentam na orientação
contrária à adotada pela maioria das orquídeas. No caso do
Epidendrum fulgens, as flores parecem estar de cabeça para baixo, com o
labelo voltado para cima. Esta configuração remete-nos ao formato de uma cruz
e se deve ao fato de os botões florais, ao contrário do que acontece com as
demais orquídeas, não realizarem o processo de ressupinação, em que o
labelo é girado para baixo. Já o Epidendrum radicans, que é um parente próximo, da América Central, apresenta as flores na configuração tradicional das orquidáceas.
O termo pássaro de fogo não é uma mera figura de linguagem. Desde que foi nomeada, esta espécie de Epidendrum já faz alusão ao fulgor de suas flores. O termo fulgens, em latim, vem do verbo fulgere, que significa brilhar, fulgir.
O termo pássaro de fogo não é uma mera figura de linguagem. Desde que foi nomeada, esta espécie de Epidendrum já faz alusão ao fulgor de suas flores. O termo fulgens, em latim, vem do verbo fulgere, que significa brilhar, fulgir.
Epidendrum fulgens |
Trata-se de uma espécie bastante rústica e resistente, vegetando em solo
arenoso, debaixo de sol pleno, em seu habitat de origem. O
Epidendrum fulgens é genuinamente brasileiro e ocorre ao longo do
litoral do país, principalmente na costa dos estados das regiões sul e
sudeste, em regiões de restinga. Seu porte vegetativo em nada lembra uma
orquídea, muito embora suas raízes também estejam adaptadas para o modo de
vida epífito e até mesmo rupícola, possuindo a habilidade de se aderirem aos
troncos das árvores ou às pedras.
Existe ainda a possibilidade de formação de híbridos do
Epidendrum fulgens com outras espécies, em seu habitat natural. Além
disso, existe uma imensa variedade de híbridos, descendentes de diferentes
espécies de orquídeas do gênero Epidendrum, desenvolvidos com objetivos
ornamentais e comerciais. A grande maioria das orquídeas semelhantes ao
Epidendrum fulgens, disponíveis no mercado atualmente, é composta por
exemplares híbridos, e podem ser encontrados nas mais diversificadas
colorações.
Epidendrum fulgens |
Da mesma forma que tem acontecido com as
mini Phalaenopsis, que a cada ano ficam menores, as orquídeas descendentes do
Epidendrum fulgens também vêm sofrendo um processo de miniaturização,
para suprir as necessidades de um público consumidor crescente das grandes
cidades, que a cada dia vive em espaços mais reduzidos.
Esta belíssima orquídea é cultivada há muitos anos pelo casal Tomoko e Helio
Simizu, que generosamente ofereceu-me uma muda como presente. A imponente
touceira da planta mãe bate recordes de altura a cada ano e, repleta de hastes
florais, foi inclusive utilizada como ornamentação de um casamento. O
interessante é que a muda, por sua vez, também é uma grande touceira, com seis
hastes, aparentando ser ainda maior aqui na sacada do apartamento. Apesar
disso, adaptou-se perfeitamente e está linda.
Epidendrum fulgens |
O cultivo desta orquídea é bastante facilitado pelo fato de poder ser feito
diretamente na terra, sob sol direto, como uma planta de jardim. Apesar de o
Epidendrum fulgens ser bastante resistente, esta não é uma planta que
eu recomendaria para quem pretende
cultivar orquídeas em apartamento. Isso porque esta orquídea apresenta dois inconvenientes para este tipo de
ambiente: ela fica enorme, necessitando de bastante espaço, tanto na
horizontal como, principalmente, na vertical. Apenas ambientes com o pé
direito muito alto podem comportar o Epidendrum fulgens, quando bem
desenvolvido. Além disso, esta é uma orquídea que necessita de elevados níveis
de luminosidade, preferencialmente sol pleno, para se desenvolver e florescer
adequadamente.
Em ambientes mais sombreados, os pseudobulbos tendem a ficar cada vez mais
finos e compridos, podendo inclusive necessitar de um tutoramento. Na
natureza, sob sol pleno, estas estruturas adquirem um aspecto mais compacto e
robusto. Em apartamentos, é mais difícil conseguir esta condição de
iluminação. Outro problema é que, com a ausência de um zênite solar, o
Epidendrum fulgens precisa sofrer uma rotação constante, a fim de
impedir que seus pseudobulbos fiquem tortos, crescendo em direção à lateral
por onde o sol incide. Além disso, em ausência dos raios solares incidindo
diretamente sobre a orquídea, esta dificilmente conseguirá florescer.
As regas devem ser moderadas, com um bom espaçamento entre uma irrigação e
outra, de modo que a terra ou substrato tenha a oportunidade de secar bem.
Apesar de ser uma orquídea de hábitos terrestres, suas raízes possuem
características de epífita, com velame, não suportando ficar encharcadas por
muito tempo.
Os cuidados com a adubação são os básicos. Por ser uma orquídea rústica,
proveniente de ambientes com solos arenosos e mais pobres em matéria orgânica,
o Epidendrum fulgens não é muito exigente quanto à fertilização. Aqui
no apartamento, costumo dar preferência a uma fórmula inorgânica, do tipo NPK,
com macro e micronutrientes. Evito a adubação orgânica porque este material
demanda um processo de decomposição, para liberar os nutrientes, ocasião em
que odores desagradáveis são exalados, além da atração de insetos
indesejáveis.
Em resumo, sob condições favoráveis, a orquídea da praia,
Epidendrum fulgens, apresenta um crescimento vigoroso e florações
abundantes. Quando plantada em áreas externas, sob sol pleno, requer muito
poucos cuidados, sendo uma planta resistente a pragas e de baixa manutenção.
Aqui no apartamento, apesar da falta de espaço e dos problemas com a
iluminação, este exemplar se desenvolveu e floresceu perfeitamente. Há muito
tempo, já havia cogitado cultivar uma orquídea indestrutível. O
Epidendrum fulgens, até o momento, é o candidato que mais se aproximou
deste requerimento.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil