| Ludisia discolor | |
A imensa maioria das pessoas que se dedicam ao
cultivo de orquídeas
está mais interessada nas belíssimas florações que estas plantas podem
proporcionar. Há, contudo, uma categoria de orquidáceas que se destaca pela
beleza de sua folhagem. Ainda que venham a surgir, as flores acabam sendo
consideradas de importância ornamental secundária, segundo os colecionadores.
Neste contexto, encontra-se a Ludisia discolor, orquídea terrestre
bastante apreciada por suas folhas exóticas e muito decorativas. A seguir,
damos um panorama geral sobre as principais características desta verdadeira
joia viva, bem como dicas sobre seu cultivo.
Esta é uma orquídea terrestre, de origem asiática, proveniente das florestas
úmidas da Malásia, Indonésia e Burma. A Ludisia discolor faz parte de
um conjunto de
orquídeas
conhecidas como jewel orchids, sendo esta a espécie mais frequentemente
encontrada nas coleções brasileiras. Seu nome popular, orquídea joia,
refere-se ao aspecto luxuoso de suas folhas aveludadas, delicadamente
dispostas ao redor de caules suculentos, cujas cores oscilam entre tons bem
fechados de verde e marrom. O destaque fica por conta dos veios avermelhados,
com nuances douradas, que correm paralelamente no sentido longitudinal das
folhas.
Ludisia discolor |
O gênero Ludisia é monotípico. Um táxon é considerado monotípico quando
ele apresenta apenas um tipo. Neste caso, a única espécie pertencente ao
gênero Ludisia é a discolor. Trata-se de uma orquídea que foi
classificada há muito tempo, ainda no século XIX. Seu grande sucesso como
planta ornamental, em todo o mundo, paradoxalmente contribuiu para sua
drástica diminuição nos habitats de origem, graças à coleta predatória de
exemplares nativos.
Há ainda outras espécies de
orquídeas
joia, todas com interessantes padrões de cores e venações ricamente
trabalhadas. Dentre os diferentes gêneros que se encaixam nesta categoria,
podemos citar a Goodyera pubescens, Anoectochilus sandvicensis,
Dossinia marmorata e Macodes petola, dentre outros. A própria
Ludisia discolor apresenta outras formas, com colorações variadas.
Digna de nota é a variedade alba, que apresenta folhas em um tom bem
escuro de verde, com os veios prateados. Um espetáculo de folhagem, digna do
apelido jewel orchid. No espectro oposto, a forma
nigrescens apresenta folhas tão escuras que conferem à planta a
denominação black velvet, veludo negro.
Ludisia discolor |
O interessante é que, frequentemente, encontro na literatura afirmações de que
esta orquídea é cultivada primariamente em razão da beleza de suas folhas,
tendo as flores pouco valor ornamental. De fato, a folhagem é belíssima, mas
na minha modesta opinião, as flores nada deixam a desejar. Quando bem
cultivada, a Ludisia discolor forma belíssimas touceiras, graças à
emissão de novos caules rasteiros, que se enraízam ao tocar o solo. Quando
estes exemplares de grandes dimensões florescem, ao mesmo tempo, propiciam aos
nossos olhos um espetáculo memorável.
Uma das coisas que mais me impressionam na floração da orquídea Ludisia discolor é o comprimento da haste floral. A partir de uma pequena cápsula, que emerge a partir do meio das folhas apicais, a haste vai se elongando, à medida que os botões vão se revelando e desabrochando, sequencialmente, de baixo para cima. Infelizmente, quando os últimos botões da ponta começam a abrir, os primeiros já estão murchando. Assim é a vida... Apesar deste porém, o resultado final é belíssimo.
Uma das coisas que mais me impressionam na floração da orquídea Ludisia discolor é o comprimento da haste floral. A partir de uma pequena cápsula, que emerge a partir do meio das folhas apicais, a haste vai se elongando, à medida que os botões vão se revelando e desabrochando, sequencialmente, de baixo para cima. Infelizmente, quando os últimos botões da ponta começam a abrir, os primeiros já estão murchando. Assim é a vida... Apesar deste porém, o resultado final é belíssimo.
Ludisia discolor |
A Ludisia discolor apresenta uma inflorescência de pequenas flores
brancas ao longo da haste principal, em uma disposição que lembra uma árvore
de Natal. Quando observada com atenção, cada minúscula flor revela detalhes
surpreendentes. Por vezes, lembra um ser alado. Sob outro ângulo, a flor da
orquídea joia pode lembrar uma pipoca, com as pétalas e sépalas brancas e o
centro amarelo. Não por acaso, o apelido mais famoso da Ludisia discolor é orquídea pipoca.
Em conjunto, as várias hastes florais altivas da Ludisia discolor,
repletas de minúsculas flores brancas, elevadas perpendicularmente sobre a
folhagem escura, com veios avermelhados, produzem um efeito visual impactante,
digno de destaque em exposições de orquídeas.
A floração desta orquídea joia, Ludisia discolor, ocorre predominantemente durante os meses de inverno e primavera, apenas uma vez ao ano. As flores duram relativamente pouco, algo em torno de duas semanas. Para que fiquem bonitas por mais tempo, é importante evitar molhá-las, durante as regas, para que não sejam atacadas pelo fungo Botrytis cinerea, que causa manchas amarronzadas graças ao excesso de umidade.
O cultivo da orquídea pipoca, Ludisia discolor, é bastante tranquilo. Por ser terrestre, não há necessidade do uso de substratos específicos para o cultivo de orquídeas epífitas. O importante é que a terra seja rica em matéria orgânica. Várias misturas podem ser formuladas, através da adição de húmus de minhoca, esterco curtido ou torta de mamona. Há quem adicione perlita ao solo, para que ele se torne mais drenável. Além disso, uma camada de pedrisco, brita ou argila expandida no fundo do vaso é essencial, para que a água das regas escoe de forma eficiente.
A floração desta orquídea joia, Ludisia discolor, ocorre predominantemente durante os meses de inverno e primavera, apenas uma vez ao ano. As flores duram relativamente pouco, algo em torno de duas semanas. Para que fiquem bonitas por mais tempo, é importante evitar molhá-las, durante as regas, para que não sejam atacadas pelo fungo Botrytis cinerea, que causa manchas amarronzadas graças ao excesso de umidade.
Como cuidar da orquídea Ludisia discolor
O cultivo da orquídea pipoca, Ludisia discolor, é bastante tranquilo. Por ser terrestre, não há necessidade do uso de substratos específicos para o cultivo de orquídeas epífitas. O importante é que a terra seja rica em matéria orgânica. Várias misturas podem ser formuladas, através da adição de húmus de minhoca, esterco curtido ou torta de mamona. Há quem adicione perlita ao solo, para que ele se torne mais drenável. Além disso, uma camada de pedrisco, brita ou argila expandida no fundo do vaso é essencial, para que a água das regas escoe de forma eficiente.
O vaso para o cultivo da orquídea pipoca pode ser de plástico ou cerâmica, sem maiores problemas. O importante,
como mencionado acima, é que ele proporcione uma boa drenagem. Lembrando que
vasos de barro secam mais rapidamente, permitindo uma maior aeração das
raízes. Os vasos de plástico, por outro lado, têm a capacidade de reter a
umidade por mais tempo. Neste caso, a frequência das regas deve ser diminuída,
já que esta orquídea não tolera o excesso de umidade em suas raízes. Seus
caules macios, de aparência suculenta, apodrecem facilmente quando ficam em
conato com a água por longos períodos.
A luminosidade não precisa ser muito alta para o cultivo desta orquídea.
Níveis semelhantes aos requeridos pela orquídea Phalaenopsis são
suficientes para o crescimento e floração da Ludisia discolor, o que torna a orquídea pipoca uma escolha ideal para quem
cultiva orquídeas em apartamento
ou qualquer outro ambiente interno. Sempre lembrando, no entanto, que se o
ambiente de cultivo for muito sombreado, é possível que as florações desta
orquídea não aconteçam.
Ainda assim, como mencionado anteriormente, é grande o número de
cultivadores que apreciam esta orquídea apenas devido à beleza de sua
folhagem. Neste caso, um meio alternativo de cultivo, muito utilizado, no
caso da Ludisia discolor, é dentro de terrários, sejam eles abertos
ou fechados. Nestes ambientes controlados, os níveis de umidade relativa do
ar são ideais e a orquídea joia desenvolve-se muito bem. As regas são muito
raras e a manutenção do ecossistema é bem tranquila. Como podemos perceber,
motivos não faltam para que tenhamos uma pequena coleção de orquídeas joia
dentro do aconchego de nossos lares.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil