| Gomesa recurva | |
As orquídeas do gênero Gomesa, embora muito parecidas, costumam ser ofuscadas
pelas suas parentes do gênero
Oncidium, mais vistosas e conhecidas do público em geral. No entanto, tratam-se de
orquídeas belíssimas, de porte compacto e florações exuberantes, em forma de
longas hastes florais repletas de minúsculas flores perfumadas, em forma de
bonequinhos. É o caso da estrela do artigo de hoje, a Gomesa recurva. Esta pode ser considerada uma típica
mini orquídea
brasileira.
No meio da enorme e confusa tentativa de reclassificar as
orquídeas, há atualmente quem defenda a transferência de várias orquídeas brasileiras
do gênero Oncidium para Gomesa. Particularmente, acho que esta
decisão passa por cima de séculos de história, somente causando mais confusão
na já caótica taxonomia das orquídeas. Aqui neste blog, sempre priorizo a
nomenclatura clássica, através da qual as orquídeas sempre foram
conhecidas.
É interessante observar que a flor da Gomesa recurva assemelha-se a uma
figura humana. As flores das orquídeas, de modo geral, têm como característica
principal a presença de 3 sépalas e 3 pétalas. Alternativamente, pode-se
considerar que elas possuam três sépalas, duas pétalas e um labelo. Neste
caso, as sépalas formam a cabeça e as pernas do boneco. As pétalas compõem os
braços. E o labelo, a terceira pétala modificada, é representado por esta
espécie de babador pendurado no pescoço. Aliás, esta estrutura, bastante
dobrada, deu origem ao nome da espécie, recurva.
Gomesa recurva |
Aqui no apartamento, apelidei esta Gomesa recurva de orquídea
supersônica. Isto porque, do nada, sua haste floral desponta e começa a
crescer alucinadamente. Dá para ver diferenças no tamanho ao longo do dia. No
ápice desta estrutura, já podemos observar o desenvolvimento de inúmeros
botões florais. Tudo ocorre de forma concomitante, a haste se elonga e os
botões florais amadurecem. Apenas como um parâmetro de comparação, temos uma
orquídea bastante popular, a
mini Phalaenopsis, cuja haste floral leva meses para se desenvolver completamente. Neste caso,
a demora é tamanha que passamos algumas semanas sem saber se a cabecinha que
desponta entre as folhas é uma raiz, broto ou haste floral.
No caso da Gomesa recurva, não há este problema. Frequentemente, sou surpreendido pelo aparecimento da haste floral, já enorme, sem que tenha notado seu nascimento. Uma bênção para os cultivadores ansiosos, que costumam vigiar suas orquídeas noite e dia, à espera de novidades.
No caso da Gomesa recurva, não há este problema. Frequentemente, sou surpreendido pelo aparecimento da haste floral, já enorme, sem que tenha notado seu nascimento. Uma bênção para os cultivadores ansiosos, que costumam vigiar suas orquídeas noite e dia, à espera de novidades.
A orquídea Gomesa recurva ocorre predominantemente nos estados do sul e
sudeste do Brasil, podendo também ser encontrada no Paraguai e Argentina.
Existem várias espécies do gênero Gomesa, cujas flores assemelham-se
bastante entre si. A orquídea
Gomesa crispa
é uma delas. Ambas, recurva e crispa, estão entre as orquídeas
mais presentes nas coleções dos orquidófilos, daqui e do exterior.
Gomesa recurva |
Comprei esta orquídea impulsionado pela minha ideia fixa com
perfumes. Eu sabia que havia uma Gomesa com um cheiro característico de limão.
Somente depois que cheguei em casa, descobri que esta orquídea é a
Gomesa crispa, não a recurva. Mas, para minha surpresa, a
Gomesa recurva também tem um odor cítrico bem suave, que me agradou
bastante. Particularmente, sinto o cheiro daqueles produtos de limpeza, com
perfumes cítricos.
Gomesa recurva |
Devido às suas raízes finas e delicadas, que não suportam ficar abafadas
ou úmidas por muito tempo, a orquídea Gomesa recurva é ideal para
ser
plantada em árvores. Trata-se de uma típica orquídea epífita, acostumada aos elevados níveis
de umidade relativa do ar nas matas em que se encontra, protegida pela
sombra das copas das árvores.
No nosso ambiente de cultivo doméstico, no entanto, nem sempre dispomos de
uma árvore para cultivar nossas orquídeas. É por esta razão que este blog
existe, para que possamos dar dicas de meios alternativos para cultivá-las
em ambientes artificiais, como em uma sacada de apartamento.
A melhor forma de mimetizarmos um hábito epífito de cultivo é recorrendo a pedaços de madeira ou de troncos cortados, materiais que servem de apoio para as raízes da Gomesa recurva. Um pequeno chumaço de musgo sphagnum pode ser colocado, para ajudar a manter a umidade por mais tempo. No entanto, este tipo de cultivo é mais trabalhoso, já que as regas devem ser mais frequentes. Aqui no apartamento, em dias muito quentes, chego a regar duas vezes ao dia as orquídeas plantadas desta maneira.
A melhor forma de mimetizarmos um hábito epífito de cultivo é recorrendo a pedaços de madeira ou de troncos cortados, materiais que servem de apoio para as raízes da Gomesa recurva. Um pequeno chumaço de musgo sphagnum pode ser colocado, para ajudar a manter a umidade por mais tempo. No entanto, este tipo de cultivo é mais trabalhoso, já que as regas devem ser mais frequentes. Aqui no apartamento, em dias muito quentes, chego a regar duas vezes ao dia as orquídeas plantadas desta maneira.
É justamente para facilitar a vida dos cultivadores de orquídeas que os
diferentes tipos de vasos foram concebidos. Existem modelos próprios para
o
cultivo de orquídeas, que é de barro, mais baixo e largo, com furos nas laterais. Desta
forma, as paredes são bastante porosas, permitindo que o substrato seque
rapidamente. Além disso, as aberturas permitem que as raízes fiquem bem
arejadas. Alternativamente, existe a opção dos vasos de plástico, que
costumam reter a umidade por um período mais prolongado. Também possuem a
vantagem de serem mais leves e baratos. Aqui na varanda do apartamento,
dou preferência a este material, já que posso regar de forma mais
espaçada.
O segredo para cultivar a Gomesa recurva da maneira correta é fornecer bastante umidade relativa do ar, no ambiente, e não através das regas. Estas devem ser espaçadas, somente ocorrendo quando o substrato estiver seco. O melhor método para se fazer esta aferição é com a ponta do dedo, afundando levemente no material. Se estiver úmido, deve-se postergar a rega para outro dia.
O segredo para cultivar a Gomesa recurva da maneira correta é fornecer bastante umidade relativa do ar, no ambiente, e não através das regas. Estas devem ser espaçadas, somente ocorrendo quando o substrato estiver seco. O melhor método para se fazer esta aferição é com a ponta do dedo, afundando levemente no material. Se estiver úmido, deve-se postergar a rega para outro dia.
A orquídea Gomesa recurva aprecia bastante
luminosidade, mas não o sol direto. O ideal é que os raios solares sejam filtrados
por uma tela de sombreamento, que seja capaz de reter 50% da luz
incidente. Alternativamente, pode-se utilizar outros anteparos, como
pérgolas ou plantas. Algumas horas de sol direto, no começo da manhã e no
final da tarde, podem ser toleradas, sendo inclusive benéficas para
estimular a floração desta mini orquídea.
Outro fator bastante importante para fazer a Gomesa recurva florescer é a adubação. Percebo que muitos cultivadores mais tradicionais possuem uma predileção pelos adubos orgânicos, à base de torta de mamona ou farinha de osso. Aqui no apartamento, por uma questão de praticidade, costumo recorrer aos adubos químicos, do tipo NPK, com macro e micronutrientes. Existem diversas marcas que produzem adubos específicos para cada fase do desenvolvimento das orquídeas. Eu alterno pulverizações semanais com as formulações de manutenção (NPK equilibrado) e floração (maior teor de fósforo).
Tomados estes cuidados, a orquídea Gomesa recurva irá produzir belas florações, que costumam durar bastante tempo, surgindo predominantemente durante os meses mais quentes do ano, na primavera e verão. Trata-se de uma excelente opção para encher o orquidário de cores e perfumes.
Outro fator bastante importante para fazer a Gomesa recurva florescer é a adubação. Percebo que muitos cultivadores mais tradicionais possuem uma predileção pelos adubos orgânicos, à base de torta de mamona ou farinha de osso. Aqui no apartamento, por uma questão de praticidade, costumo recorrer aos adubos químicos, do tipo NPK, com macro e micronutrientes. Existem diversas marcas que produzem adubos específicos para cada fase do desenvolvimento das orquídeas. Eu alterno pulverizações semanais com as formulações de manutenção (NPK equilibrado) e floração (maior teor de fósforo).
Tomados estes cuidados, a orquídea Gomesa recurva irá produzir belas florações, que costumam durar bastante tempo, surgindo predominantemente durante os meses mais quentes do ano, na primavera e verão. Trata-se de uma excelente opção para encher o orquidário de cores e perfumes.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil