| Espata floral em orquídea Potinara | |
Quando chega o momento de uma
orquídea
Phalaenopsis florescer, ela simplesmente emite uma haste, desenvolve
botões florais e os mesmos se abrem, no momento oportuno. O mesmo ocorre com
diversas outras orquídeas, como
Oncidium
e
Dendrobium, por exemplo. Já no caso das orquídeas do gênero
Cattleya
e suas parentes próximas, Brassavola, Laelia
e Sophronitis, incluindo os híbridos resultantes desas orquídeas, a
coisa é um pouco mais complicada. Para nós, que assistimos ao processo, não
para elas, que o desempenham. Antes que as flores surjam, em alguns gêneros de
orquídeas, existe uma etapa intermediária, que pode gerar bastante
suspense.
Nestes casos, há a participação de uma personagem bastante temperamental, a
espata floral. Trata-se de uma estrutura vegetal especializada, que funciona
como um invólucro que protege os botões durante o seu desenvolvimento,
conforme mostrado na foto acima. As espatas podem ser simples ou duplas,
compostas por uma ou duas lâminas formando o envelope protetor. Este é,
inclusive, um dos critérios para distinguir diferentes espécies de
orquídeas, principalmente aquelas pertencentes à aliança Cattleya.
No entanto, a aparição de uma espata não é garantia de que flores surgirão na
sequência. Já vi orquídeas cujas espatas nasceram, cresceram e secaram, sem
jamais dar qualquer sinal de floração. Vários fatores contribuem para que este
fenômeno ocorra. Alterações climáticas bruscas, como elevação ou queda de
temperatura, excesso de água, correntes de vento ou mesmo doenças podem fazer
com que a floração da orquídea seja abortada. Nestes casos, embora a espata
floral tenha surgido, nada cresce em seu interior.
Outra circunstância bastante infeliz ocorre quando há um acúmulo de água no interior da espata. Este é um fenômeno que precisa ser evitado a todo custo. Normalmente, a espata é bem lacrada. No entanto, em algum momento do seu desenvolvimento, o envelope pode se abrir. Isto ocorre até mesmo devido à pressão decorrente do crescimento dos botões florais em seu interior. Neste caso, é importante que as regas sejam efetuadas com bastante cautela. Também é bom proteger a orquídea da chuva. Isto porque a espata pode se encher de água, que fica acumulada ao redor dos botões florais, ocasionando seu apodrecimento.
Também é comum observarmos o surgimento de espatas vazias quando a orquídea não está madura o suficiente para florescer. Durante o desenvolvimento e maturação de uma orquídea, cujo crescimento é simpodial, onde vários pseudobulbos são emitidos sequencialmente, podemos observar que os mesmos vão aumentando de tamanho, a cada geração. Este é um sinal positivo, de que a orquídea está sendo adequadamente cultivada. Em um primeiro momento, os pseudobulbos surgem sem espatas, quando a orquídea ainda é muito jovem. A partir de um certo ponto, aparece o primeiro pseudobulbo portando uma espata floral. Na foto abaixo, a sequência de crescimento é da direita para a esquerda, sendo o pseudobulbo maior, com espata, o mais recente.
Outra circunstância bastante infeliz ocorre quando há um acúmulo de água no interior da espata. Este é um fenômeno que precisa ser evitado a todo custo. Normalmente, a espata é bem lacrada. No entanto, em algum momento do seu desenvolvimento, o envelope pode se abrir. Isto ocorre até mesmo devido à pressão decorrente do crescimento dos botões florais em seu interior. Neste caso, é importante que as regas sejam efetuadas com bastante cautela. Também é bom proteger a orquídea da chuva. Isto porque a espata pode se encher de água, que fica acumulada ao redor dos botões florais, ocasionando seu apodrecimento.
Também é comum observarmos o surgimento de espatas vazias quando a orquídea não está madura o suficiente para florescer. Durante o desenvolvimento e maturação de uma orquídea, cujo crescimento é simpodial, onde vários pseudobulbos são emitidos sequencialmente, podemos observar que os mesmos vão aumentando de tamanho, a cada geração. Este é um sinal positivo, de que a orquídea está sendo adequadamente cultivada. Em um primeiro momento, os pseudobulbos surgem sem espatas, quando a orquídea ainda é muito jovem. A partir de um certo ponto, aparece o primeiro pseudobulbo portando uma espata floral. Na foto abaixo, a sequência de crescimento é da direita para a esquerda, sendo o pseudobulbo maior, com espata, o mais recente.
Sequência de pseudobulbos até a primeira espata |
Quando isso acontece, o dono da orquídea fica todo ouriçado, imaginando que
este é o prenúncio de uma bela floração. Mas nada surge a partir daquela
espata e ele fica a ver navios. O processo se repete até que, finalmente, o
próximo pseudobulbo produz uma espata que se enche de botões florais.
Trata-se de um desenvolvimento gradual, que depende simplesmente da maturidade
da orquídea em questão. Neste caso, basta seguir com os cuidados rotineiros
até que o momento certo para a floração aconteça. É apenas uma questão de
tempo e paciência.
Espata floral em orquídea Cattleya |
Tanto orquídeas monofoliadas, como é o caso da
Cattleya labiata, quanto orquídeas bifoliadas, como a
Cattleya bicolor, produzem florações a partir de espatas. A morfologia e composição destas
estruturas são típicas para cada espécie. Como mencionamos, as espatas podem
ser simples ou duplas. Já no caso da
Cattleya walkeriana, o mais comum é que ela produza um pseudobulbo diferenciado, específico para
floração. A variedade princeps desta orquídea, por sua vez, floresce a
partir do ápice de um pseudobulbo convencional. Já no caso da
Cattleya nobilior, a haste floral surge diretamente a partir do rizoma da planta.
Embora seja mais comum observarmos a ocorrência de espata floral em orquídeas
do gênero Cattleya e Laelia, outros membros da família podem
produzir esta estrutura geniosa. Na foto abaixo, observamos a delicada espata
de um insuspeito Epidendrum peperomia.
Espata floral em Epidendrum |
Nesta intrincada novela da espata em orquídeas, há ainda uma outra
possibilidade. Pode ocorrer um caso em que o pseudobulbo produz uma espata
floral e a mesma seca, sem dar flores. O cultivador, desapontado, corta a
espata seca. Tempos depois, percebe o nascimento tardio dos botões florais,
que definham sem a proteção da espata cortada. Uma tragédia anunciada.
Botões florais surgindo a partir de espata seca |
De fato, algumas orquídeas são conhecidas por emitirem os botões florais a
partir de espatas secas e desacreditadas. Portanto, a regra é nunca
cortá-las. Por mais que uma espata fique seca e encarquilhada, sempre a
mantenha. Pode ser que nada aconteça, mas existe a possibilidade de que
botões florais surjam a partir destas estruturas. Sempre há esperança. Na
imagem acima, vemos um exemplo de orquídea que produziu uma espata,
passou-se o tempo e ela começou a secar. Tempos depois, os botões florais
surgiram.
Por fim, ainda existem orquídeas que florescem do nada, sem o aviso prévio da
espata. A
Laelia alaorii
é um exemplo clássico e bastante interessante. Isto porque, no caso desta mini
orquídea, a própria folha, no ápice do pseudobulbo, faz as vezes de espata. Os
botões florais desenvolvem-se incógnitos, no interior destas folhas ainda
fechadas. Quando o pseudobulbo está suficiente maduro, e as folhas se abrem,
lá está o botão floral todo serelepe, já bem formado e prestes a desabrochar.
O mesmo ocorre no caso da floração da
Sophronitis cernua, que também se dá em ausência de espata.
Botão floral sem espata na Laelia alaorii |
Como podemos observar, uma orquídea não necessariamente precisa produzir
uma espata para florescer. Por outro lado, o surgimento desta estrutura
não é obrigatoriamente um prenúncio de floração. Há ainda a possibilidade
de que, mesmo seca, a espata produza botões florais, tardiamente. Conhecer
o padrão de floração de cada espécie de orquídea, com ou sem espata, seca
ou não, é importante para que possamos adequar as condições de cultivo,
evitando que acidentes sabotem o surgimento das flores.
Publicado em: | Última atualização:
Por Sergio Oyama Junior
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil
Bacharel em biologia pela Unicamp, com mestrado e doutorado em bioquímica pela Usp, escreve sobre o cultivo de orquídeas, suculentas, cactos e outras plantas dentro de casas e apartamentos.
São Paulo, SP, Brasil